sábado, 22 de novembro de 2008

GLOBALIZAÇÃO X DESIGUALDADE SOCIAL

" A PERVERSIDADE SISTÊMICA QUE ESTÁ NA RAIZ DESSA EVOLUÇÃO NEGATIVA DA HUMANIDADE TEM RELAÇÃO COM A ADESÃO DESENFREADA AOS COMPORTAMENTOS COMPETITIVOS QUE ATUALMENTE CARACTERIZAM AS AÇÕES HEGÊMONICAS. TODAS ESSAS MAZELAS SÃO DIRETA OU INDIRETAMENTE IMPUTÁVEIS AO PRESENTE PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO" (MILTON SANTOS)

Globalização é um processo de integração econômica e cultural caraterizado pelo predomínio dos interesses econômicos, pela desregulamentação dos mercados, pelas privatizações das empresas estatais, e pelo abandono do estado de bem-estar social. Ela é responsável pela intensificação da exclusão social, que acarretou em crescente número de pobres e de desempregados e provocou crises econômicas sucessivas, arruinando milhares de poupadores e de pequenos empreendimentos.
O conceito globalização surgiu aproximadamente na década de 1980, a qual vem a substituir conceitos como internacionalização e transnacionalização, porém devemos voltar no tempo para entender como esse processo veio a trazer tal nível de desigualdade social.
O processo de globalização foi definido em três etapas: a primeira fase da globalização foi dominada pela expansão mercantilista (de 1450 a 1850) da economia-mundo européia, a segunda fase (de 1850 a 1950)। foi caracterizada pelo expansionismo industrial-imperialista e colonialista e a última, a globalização propriamente dita, ou globalização recente, acelerada a partir do colapso da URSS e a queda do muro de Berlim, de 1989 até o presente.




PRIMEIRA FASE DA GLOBALIZAÇÃO - 1450 a 1850
A primeira fase foi iniciados pela descoberta de uma rota marítima para as Índias e pelas terras do Novo Mundo. Primeiro de 1492 até 1792 quando a Revolução Francesa e a Revolução Industrial fazem com que a Europa, que liderou o processo inicial da globalização, volta-se para resolver suas disputas e rivalidades, e só retomando a expansão depois de 1870, quando amadureceram as novas técnicas de transporte e navegação como a estrada-de-ferro e o navio à vapor.
O processo de globalização ou de economia-mundo capitalista nunca se interrompeu. Ocorreram momentos de menor intensidade que nunca chegou a cessar totalmente. De certo modo até as grandes guerras mundiais de 1914-18 e de 1939-45 e Guerra dos 7 anos (de 1756-1763), provocaram a intensificação da globalização quando adotaram-se macro-estratégias militares para acossar os adversários, num mundo quase inteiramente transformado em campo de batalha.
A primeira globalização, resultado da procura de uma rota marítima para as Índias, assegurou o estabelecimento das primeiras feitorias comerciais européias na Índia, China e Japão, e, principalmente, abriu aos conquistadores europeus as terras do Novo Mundo. Milhares de imigrantes iberos, ingleses e holandeses, e, um bem menor número de franceses, atravessaram o Atlântico para vir ocupar a América. Aqui formaram colônias de exploração, no sul da América do Norte, no Caribe e no Brasil, baseadas geralmente num só produto (açúcar, tabaco, café, minério, etc..) utilizando-se de mão de obra escrava vinda da África ou mesmo indígena; ou colônias de povoamento, estabelecidas majoritariamente na América do Norte, baseadas na média propriedade de exploração familiar. Para atender as primeiras, as colônias de exploração, é que o brutal tráfico negreiro tornou-se rotina, fazendo com que 11 milhões de africanos.
Igualmente não deve-se omitir que ela promoveu uma espantosa expropriação das terras indígenas e destruição da sua cultura. Em quase toda a América ocorreu uma catástrofe demográfica, devido aos maus tratos que a população nativa sofreu e as doenças e epidemias que os devastaram, devido ao contato com os colonizadores europeus.
Nesta fase, estrutura-se um comércio triangular entre a Europa, que fornecia a manufatura, a África, que vendia os escravos, e América, que exporta produtos coloniais. A imensa expansão deste mercado, com a importação de produtos coloniais, faz ampliar as relações inter-européias.
A doutrina econômica foi o mercantilismo, que compreendia numa complexa legislação que recorria a medidas protecionistas, incentivos fiscais e doação de monopólios, para promover a prosperidade geral. A produção e distribuição do comércio internacional era feita por mercadores privados e por grandes companhias comerciais e controladas localmente por corporações de ofício.
Todo o universo econômico destinava-se a um só fim, entesourar, acumular riqueza. O poder de um reino era medido pela quantidade de metal precioso que possuía. Para garantir seu aumento, o estado exercia um sério controle das importações e do comércio com as colônias.
Já nesta fase, pode-se observar a existência de discriminação, separação entre ricos e pobres, existência de maus tratos e falta de dignidade humana। Pessoas eram escravizadas e humilhadas, a mercê da vontade dos senhores detentores do poder. Ou então, no caso dos índios,eram arrancadas de seus territórios e de suas culturas para servir aos "DESCOBRIDORES" do país.


SEGUNDA FASE DA GLOBALIZAÇÃO - 1850 a 1950
Os principais acontecimentos que marcam a transição da primeira fase da globalização para a segunda dão-se nos campos da técnica e da política. A partir do século XVIII, a Inglaterra industrializa-se aceleradamente.
A máquina à vapor é introduzida nos transportes terrestres (estradas-de-ferro) e marítimos (barcos à vapor) Conseqüentemente esta nova época será regida pelos interesses da indústria e das finanças, sua associada e, por vezes amplamente dominante, e não mais das motivações dinásticas- mercantis. Será a grande burguesia industrial e bancária, e não mais os administradores das corporações mercantis e os funcionários reais quem liderará o processo. considerando-a um fenômeno novo da economia-politica moderna.
A escravidão que havia sido o grande esteio da primeira globalização, tornou-se um impedimento ao progresso do consumo e termina por ser abolida. Este segundo momento, irá se caracterizar pela ocupação territorial de certas partes da África e da Ásia, além de estimular o povoamento das terras semi-desocupadas da Austrália e da Nova Zelândia.
Cada uma das potências européias rivaliza-se com as demais na luta pela hegemonia do mundo. O resultado é um acirramento que levará os europeus à duas guerras mundiais, a de 1914-18 e a de 1939-45. Entrementes outros aspectos técnicos ajudam a globalização: o trem e o barco à vapor encurtam as distâncias, o telégrafo e , em seguida, o telefone, aproximam os continentes e os interesses ainda mais. E, principalmente depois do vôo transatlântico em 1927, a aviação passa a ser mais um elemento que permite o mundo tornar-se menor.
Os antigos impérios dinásticos desabaram. Das diversas potências que existiam em 1914 só restam depois da 2ª Guerra, as superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética.
Feridas pelas guerras as metrópoles deram para desabar, obrigando-se a aceitar a libertação dos povos coloniais que formaram novas nações। Somam-se, no pós-1945, os países do Terceiro Mundo e às nações latino-americanas que conseguiram sua autonomia política entre 1810-25.

GLOBALIZAÇÃO RECENTE - APÓS 1989
No decorrer do século 20 três grandes projetos de liderança da globalização conflitaram-se entre si: o comunista, o da contra-revolução nazi-fascista e o projeto liberal-capitalista.
Num primeiro momento ocorreu a aliança entre o liberalismo e o comunismo para a auto-defesa e, depois, a destruição do nazi-fascismo. Num segundo momento os vencedores, os EUA e a URSS, se desentenderam gerando a guerra fria (1947-1989), onde o liberalismo norte-americano rivalizou-se com o comunismo soviético numa guerra ideológica mundial e numa competição armamentista e tecnológica que quase levou a humanidade a uma catástrofe (a crise dos mísseis de 1962).
A política da glasnost, a guerra fria encerrou-se e os Estados Unidos proclamaram-se vencedores। O momento símbolo disto foi a derrubada do Muro de Berlim ocorrida em novembro de 1989, acompanhada da retirada das tropas soviéticas da Alemanha reunificada e seguida da dissolução da URSS em 1991. A China comunista, abriu-se em várias zonas especiais para a implantação de indústrias multinacionais.


DESIGUALDADES SOCIAS

A globalização trouxe a desigualdade social através da má distribuição de renda, na qual a maior parte fica nas mãos de poucos e pouco na mão de muitos. Um dos motivos para isso ocorrer, é devido a facilidade de entrada de produtos de outros países no mercado nacional, o que fragiliza os produtores nacionais, que não conseguem disputar de igual para igual com os preços alcançados pelos países desenvolvidos.
Os jovens, principalmente na classe de baixa renda, estão vulneráveis, pois a exclusão social os torna cada vez mais supérfluos e incapazes de ter uma vida digna. Muitos deles crescem sem ter estrutura na família devido a uma série de conseqüências causadas pela falta de dinheiro sendo: briga entre pais, discussões diárias, falta de estudo, ambiente familiar precário, educação precária, más instalações, alimentação ruim, entre outros.
A desigualdade social tem causado o crescimento de crianças e jovens sem preparação para a vida e muitos deles não conseguem oportunidades e acabam se tornando marginais ou desocupados, às vezes não porque querem, mas sim por não sobrarem alternativas. Outro fator que agrava essa situação é a violência que cresce a cada dia.
Hoje traficantes dominam algumas grandes cidades brasileiras e prejudica cidadãos de bem com o intuito de atingir as autoridades. A cada dia que passa pessoas são mortas, espancadas e abusadas para que alguém excluído do mundo mostre que alguma coisa ele sabe fazer, mesmo que isso seja ruim.
O que falta hoje, são autoridades competentes para gerir e proteger o país. É preciso que pessoas de alto escalão projetem uma vida mais digna e com oportunidades de conhecimento para pessoas com baixa renda para que possam trabalhar, ter o sustento do lar e competir nesse mercado tão disputado mundialmente.






BIBLIOGRAFIA:


  • SANTOS, Milton। POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO (do pensamento único à consciência universal). São Paulo. Ed. Record, 2001.
  • LITTLEJOHN, James। ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL. Rio de Janeiro. Zarar Editores,१९७६
  • ALVARES, Oto Ferreira। O Nacionalismos face à globalização। Brasília. Impresso no EGGCF - Gráfica do Exército,2002.
  • Corradi, Juan Eugenio। Dificuldades convergentes da globalização। Disponível em http://opinionsur।org।ar/Dificuldades-convergentes-da। Acesso em: 21 novembro 2008.
  • A desigaldade social e suas consequências। Disponível em http://www।bancoriodealimentos.com.br/adesigualdadesocial.htm . Acesso em: 21 novembro 2008.
  • Globalização, ontem e hoje. Disponível em
    http://educaterra.terra.com.br/voltaire/atualidade/globalizacao7.htm - Acesso em: 21 novembro 2008.